Referência
Bibliográfica
Introdução
à teoria geral da administração:
uma visão abrangente da moderna
administração das organizações.
Idalberto Chiavenato - 7. ed. rev. e
atual. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
I - REENGENHARIA
A reengenharia foi uma reação ao
colossal abismo existente entre as mudanças ambientais velozes e intensas e a
total inabilidade das organizações em ajustar-se a essas mudanças. Neste
sentido, reengenharia significa fazer uma nova engenharia da estrutura
organizacional, por meio de uma nova concepção de organização baseada não mais
na estrutura vertical e hierárquica, mas no foco nos processos organizacionais,
fazendo com que a antiga visão verticalizada seja substituída por uma visão
horizontalizada. O organograma foi deixado de lado. A base fundamental da
reengenharia foi a substituição de departamentos isolados por equipes
multifuncionais de processos.
É importante entender que, a
reengenharia não se confunde com a melhoria contínua, pois pretende criar um
processo inteiramente novo e baseado na TI e não o aperfeiçoamento gradativo e
lento do processo atual.
Como
afirmam Michael Hammer e James Champy, a reengenharia se fundamenta em quatro
palavras-chave:
1. Fundamental. Busca reduzir a
organização ao essencial e fundamental. As questões: por que fazemos o que
fazemos? E por que fazemos dessa maneira?
2. Radical. Impõe uma
renovação radical, desconsiderando as estruturas e os procedimentos atuais para
inventar novas maneiras de fazer o trabalho.
3. Drástica. A reengenharia
joga fora tudo o que existe atualmente na empresa. Destrói o antigo e busca sua
substituição por algo inteiramente novo. Não aproveita nada do que existe.
4. Processos. A reengenharia
reorienta o foco para os processos e não mais para as tarefas ou serviços, nem
para pessoas ou para a estrutura organizacional. Busca entender o
"quê" e o "porquê" e não o "como" do processo.
Um outro aspecto, é que a
reengenharia está preocupada em fazer cada vez mais com cada vez menos, e seus
três componentes são: pessoas, TI e processos. Neste sentido, a reengenharia de
processos direciona as características organizacionais para os processos. De
acordo com Michael Hammer e James Champy as conseqüências para a organização
são:
1. Os departamentos
tendem a desaparecer e ceder lugar a equipes orientadas para os processos e
para os clientes. A tradicional departamentalização por funções é substituída
por redes de equipes de processos.
2. A estrutura
organizacional hierarquizada, alta e alongada passa a ser nivelada, achatada e
horizontalizada. É o enxugamento (downsizing) da organização para
transformá-la de centralizadora e rígida em flexível, maleável e
descentralizadora.
3. A atividade
também muda: as tarefas simples, repetitivas, rotineiras, fragmentadas e
especializadas, com ênfase no isolamento individual passam a basear-se em
equipes com trabalhos multidimensionais e com ênfase na responsabilidade grupal,
solidária e coletiva.
4. Os papéis das
pessoas deixam de ser moldados por regras e regulamentos internos para a plena autonomia,
liberdade e responsabilidade.
5. A preparação e o
desenvolvimento das pessoas deixa de ser feito por meio do treinamento específico,
com ênfase na posição e no cargo ocupado, para se constituir em uma educação integral
e com ênfase na formação da pessoa e nas suas habilidades pessoais.
6. As medidas de avaliação do desempenho
humano deixam de se concentrar na atividade passada e passam a avaliar os
resultados alcançados, a contribuição efetiva e o valor criado à organização e
ao cliente.
7. Os valores sociais, antes protetores e
visando à subordinação das pessoas às suas chefias, agora passam a ser
produtivos e visando à orientação das pessoas para o cliente, seja ele interno ou
externo.
8. Os gerentes - antes controladores de
resultados e distantes das operações cotidianas - tornam- se líderes e
impulsionadores ficando mais próximos das operações e das pessoas.
9. Os gerentes deixam de ser supervisores
dotados de habilidades técnicas e se tornam orientadores e educadores dotados
de habilidades interpessoais.
II - QUALIDADE TOTAL
A qualidade total é uma
decorrência da aplicação da melhoria contínua. Para Deming, "a qualidade deve
ter como objetivo as necessidades do usuário, presentes e futuras". Para Juran,
representa a "adequação à finalidade ou ao uso". Para Crosby, é a
"conformidade com as exigências", mas por trás dos conceitos de qualidade
está a figura do cliente., que pode ser interno ou externo, e é a idéia de
fornecedores/clientes internos e externos que constitui o núcleo da qualidade
total.
A qualidade total estende o
conceito de qualidade para toda a organização, abrangendo todos os níveis organizacionais,
desde o pessoal de escritório e do chão da fábrica até a cúpula em um
envolvimento total. A ideia é fazer abordagens incrementais para obter
excelência em qualidade dos produtos e processos, através das seguintes etapas,
como dispõe Samuel C. Certo, 1994:
1. Escolha de uma área de melhoria, como redução da
percentagem de defeitos; redução no tempo de ciclo de produção; redução no
tempo de parada de máquinas ou redução do absenteísmo do pessoal.
2. Definição da equipe de
trabalho que tratará da melhoria. A melhoria contínua e a qualidade total
põem forte ênfase no trabalho em equipe. São técnicas participativas para
mobilizar as pessoas na derrubada de barreiras à qualidade.
3. Identificação dos
benchmarks.
Benchmark significa
um padrão de excelência que deve ser identificado, conhecido, copiado e
ultrapassado. O benchmark pode ser interno (de outro departamento, por
exemplo) ou externo (uma empresa concorrente ou excelente). O benchmark serve
como guia de referência.
4. Análise do método atual. A equipe de
melhoria analisa o método atual de trabalho para comparar e verificar como ele
pode ser melhorado para alcançar ou ultrapassar o benchmark focalizado.
Equipamento, materiais, métodos de trabalho, pessoas, habilidades devem ser
considerados nessa análise.
5. Estudo piloto da melhoria. A equipe
desenvolve um esquema piloto para solucionar o problema e melhorar a qualidade
e testa a sua relação de custo e benefício.
6. Implementação das
melhorias.
A
equipe propõe a melhoria e cabe à direção assegurar sua implementação. A
melhoria fortalece a competitividade da organização e aumenta a motivação
das pessoas
envolvidas no processo incremental.
Um ponto importante está
relacionado ao gerenciamento da qualidade que atribui às pessoas, e não somente
aos gerentes e dirigentes, a responsabilidade pelo alcance de padrões de
qualidade. O tema central da qualidade total é bastante simples: a obrigação de
alcançar qualidade está nas pessoas que a produzem, ou seja, são os
funcionários e não os gerentes são os responsáveis pelo alcance de elevados
padrões de qualidade. Com isso, o controle burocrático - rígido, unitário e
centralizador - cede lugar para o controle pelas pessoas envolvidas - solto,
coletivo e descentralizado, afirma Mary Walton, 1986.
A qualidade total está baseada
no empoderamento (empowerment) das pessoas. Isto significa proporcionar
aos funcionários as habilidades e a autoridade para tomar decisões que
tradicionalmente eram dadas aos gerentes. Significa também a habilitação dos
funcionários para resolverem os problemas do cliente sem consumir tempo para aprovação
do gerente. O empowerment traz
uma diferença significativa na melhoria dos produtos e serviços, na satisfação
do cliente, na redução de custos e de tempo, trazendo economias para a
organização e satisfação das pessoas envolvidas.
A qualidade total se aplica a
todas as áreas e níveis da organização e deve começar no topo da empresa. O
comprometimento da alta administração é indispensável para garantir uma profunda
mudança na cultura da organização. Como afirma Chiavenato, o gerenciamento da
qualidade total trouxe técnicas conhecidas, tais como:
1. Enxugamento (downsizing). A qualidade
total representa uma revolução na gestão da qualidade, por que os antigos
Departamentos de Controle de Qualidade (DCQ) e os sistemas formais de controle
é que detinham e centralizavam totalmente essa responsabilidade. A qualidade total
provocou o enxugamento (downsizing) dos DCQs e sua descentralização para
o nível operacional. O downsizing promove redução de níveis hierárquicos
e enxugamento organizacional para reduzir as operações ao essencial (core
business) do negócio e transferir o acidental para terceiros que saibam fazê-lo
melhor e mais barato (terceirização). O enxugamento substitui a antiga
cultura baseada na desconfiança - que alimentava um contingente excessivo de
comandos e de controles - para uma nova cultura que incentiva a iniciativa das
pessoas. O policiamento externo é substituído pelo comprometimento e autonomia
das pessoas, além do investimento em treinamento para melhorar a produtividade.
2. Terceirização (outsourcing). É uma
decorrência da filosofia de qualidade total. A terceirização ocorre quando uma
operação interna da organização é transferida para outra organização que
consiga fazê-la melhor e mais barato. Por essa razão, empresas de consultoria em
contabilidade, auditoria, advocacia, engenharia, relações públicas, propaganda etc.,
representam antigos departamentos ou unidades organizacionais terceirizados
para reduzir a estrutura organizacional e dotar a organização de maior
agilidade e flexibilidade. A terceirização representa uma transformação de
custos fixos em custos variáveis. Na prática, uma simplificação da estrutura e
do processo decisório das organizações e uma focalização maior no core
business e nos aspectos essenciais do negócio.
3. Redução do tempo do ciclo
de produção.
O
tempo de ciclo refere-se às etapas seguidas para completar um processo, como
ensinar o programa a uma classe, fabricar um carro ou atender a um cliente. A
simplificação de ciclos de trabalho, a queda de barreiras entre as etapas do
trabalho e entre departamentos envolvidos e a remoção de etapas improdutivas no
processo permite que a qualidade total seja bem-sucedida. O ciclo operacional
da organização torna-se mais rápido e o giro do capital mais ainda. A redução
do ciclo operacional permite a competição pelo tempo, o atendimento mais rápido
do cliente, etapas de produção mais encadeadas entre si, queda de barreiras e
obstáculos intermediários.
Os dez passos
para a qualidade
Para Juran, o
programa de qualidade total deve basear-se nos seguintes passos:
1. Promover a
conscientização da necessidade e oportunidade de melhorias.
2. Estabelecer
metas de melhoramentos.
3. Organizar
para atingir as metas: criar um conselho de qualidade, identificar problemas,
selecionar projetos, formar grupos e equipes, coordenadores.
4. Prover
treinamento a todas as pessoas.
5. Executar os
projetos para resolver os problemas.
6. Relatar e
divulgar o progresso.
7. Demonstrar
reconhecimento às pessoas.
8. Comunicar os
resultados alcançados.
9. Conservar os
dados obtidos.
10.Manter o entusiasmo fazendo da
melhoria anual parte integrante dos sistemas e processos normais da empresa.
Os dez
mandamentos da qualidade total:
1. Satisfação do cliente. O
cliente deve ser a pessoa mais importante da organização. Jamais deve ser
tratado como importuno ou um receptor passivo dos produtos ou serviços da
organização.
2. Delegação. Nas grandes
organizações tornou-se impossível administrar sem delegar competência. Delegar
significa colocar o poder de decisão mais próximo da ação para evitar gargalos ou
demora das soluções.
3. Gerência. Na gestão pela
qualidade, gerenciar significa liderar e não impor ou controlar. Liderar significa
mobilizar esforços, atribuir responsabilidades, delegar competências, motivar,
debater, ouvir sugestões, compartilhar objetivos, informar, transformar grupos
em equipes integradas e autônomas.
4. Melhoria
contínua. A
organização precisa estar aberta às rápidas mudanças na sociedade, na tecnologia
e às novas necessidades dos clientes. O aperfeiçoamento contínuo (kaizen) conduz
à organização que se ultrapassa a cada momento. Quando a organização oferece
mais do que lhe é cobrado, ganha a admiração de todos.
5.
Desenvolvimento das pessoas. Os funcionários buscam espaço e
oportunidades na organização para demonstrar suas aptidões, capacidade profissional
e reconhecimento. Ao satisfazer aspirações e necessidades das pessoas, a
organização multiplica o potencial e a iniciativa das pessoas.
6. Disseminação
de informações. Todos
os pIanos, metas e objetivos devem ser de conhecimento
comum dentro da
organização. A participação coletiva nas decisões implica ação coletiva em
busca dos resultados.
7. Não aceitação
de erros. A
busca da perfeição deve ser uma preocupação constante e o padrão de desempenho
deve ser nenhum erro. Esse princípio deve ser incorporado à maneira de pensar
dos administradores e funcionários. Custa mais barato prevenir do que corrigir.
Fazer certo pela primeira vez e fazer cada vez melhor na seqüência. A avaliação
de cada etapa é importante, pois quanto mais avançado o projeto com erro, mais
oneroso ele se torna. Quanto antes se descobrir o erro, tanto melhor.
8. Constância de
propósitos. A
definição de propósitos e objetivos deve ser feita por meio de planejamento participativo, integrado e
baseado em dados corretos e abrangentes para obter comprometimento, confiança e
convergência de ações na organização. Constância e perseverança são
fundamentais.
9. Garantia de
qualidade. A
documentação escrita e acessível é fundamental para que se saiba qual é o
caminho a percorrer e qual o caminho percorrido. É preciso investir em
planejamento, organização e sistematização de processos.
10. Gerência de
processos. As
barreiras hierárquicas e departamentais devem ser eliminadas para facilitar a
realização de mudanças. A gerência de processos deve utilizar o conceito de
cadeia-fornecedor para eliminar barreiras entre as áreas da empresa, promovendo
integração e eficiência no resultado final.
III - BALANCED
SCORECARD (referências Kaplan e Norton)
É um sistema de gestão que habilita a organização a clarear sua visão e
estratégia e traduzi-la em ação – Balanced
(significa o balanceamento entre os indicadores estabelecidos para o alcance
dos resultados esperados) e Scorecard
(significa quantificar o desempenho por meio de indicadores).
1) Esclarecer e traduzir a visão e estratégia:
Esse processo é desenvolvido a partir da formação de uma equipe da alta
administração para traduzir a estratégia em objetivos estratégicos específicos,
tornando-os responsabilidade conjunta do grupo executivo e passando a funcionar
como referência para os demais processos organizacionais. Dessa forma, busca-se
a integração da alta administração, proporcionando alinhamento estratégico e foco
em resultados.
2) Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas:
Os objetivos e os indicadores de desempenho são transmitidos amplamente
à organização visando apresentar a todos os objetivos que devem ser alcançados
para que a estratégia seja bem sucedida. É somente a partir do conhecimento do
que se pretende e do entendimento dos objetivos definidos pela alta
administração que é possível estabelecer metas locais que contribuam para a
obtenção da estratégia global da organização.
3) Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas.
São definidas metas específicas e quantitativas de desempenho desejado,
sendo que os níveis atuais determinam o hiato de desempenho que deverá ser o
alvo de novas iniciativas estratégicas. A partir dos objetivos estratégicos,
normalmente de longo prazo e com resultados vinculados a toda organização, são
desdobrados, por meio de relações de causa e efeito, os objetivos de meio e
curto prazo, buscando o alinhamento entre a estratégia e os planejamentos
tático e operacional.
4) Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico
Esse processo é muito importante, pois promove melhorias contínuas necessárias
considerado a dinâmica das mudanças constantes que vem ocorrendo em ciclos cada
vez mais curtos. Prevê a análise dos resultados alcançados, a partir das
estratégias realizadas.
Como o BSC facilita a visualização de cada parte e do todo?
Para promover o alinhamento organizacional, o BSC agrupa os objetivos
estratégicos em quatro perspectivas estabelecendo relações de causa e efeito
entre elas. As perspectivas são:
·
Financeira (perspectiva
fiduciária – setor público): para sermos bem sucedidos, como devemos ser vistos
pela sociedade?
·
Clientes: para alcançarmos
nossa visão, como deveríamos ser vistos pelo usuários dos nossos serviços?
·
Processos internos: para satisfazer a
expectativa dos usuários dos nossos serviços, emnque processo devemos alcançar
a excelência?
·
Aprendizagem e
crescimento: para alcançarmos a excelência em nossos processos, como a organização
deve aprender a melhorar?
Para cada uma dessas perspectivas, são definidos objetivos estratégicos
relacionados aos fatores tangíveis e intangíveis fundamentais para um bom
desempenho futuro.
Importante!
Uma outra contribuição do BSC foi o desenvolvimento de uma representação
gráfica dos objetivos organizacionais e de cada uma das perspectivas, chamada
mapa estratégico → permite uma representação visual das relações de causa e
efeito entre os componentes da estratégia de uma organização.
O BSC trabalha com o conceito de indicadores de desempenho, que
são quaisquer características qualitativas ou quantitativas de uma variável que
possam ser usadas para aferir direta ou indiretamente a sua evolução.